2 de junho de 2007

Duas metades

Descobrimos a metade que nos faltava. Não conseguimos aguentar se não a podemos ter por perto e não vamos descansar enquanto não a podermos ter só para nós.

Que vida sem o resto?

A única coisa que posso levar é a lembrança de ti, do que foste comigo,
Obrigada por teres saltado o muro. Não estragues a relva, dá de vez em quando alguma água às flores e aproveita a sombra das árvores. Gosto de te ter por cá.
Estás a ganhar raízes num lugar que passará a ser sempre teu, mesmo depois de te teres ido embora. É a tua marca que fica, os contornos que a marca cá deixa vão ser desenhados por ti.
Ao abrirmos esta porta peço-te apenas que de cada vez que me digas “adeus”, o faças lembrando que virá um dia que é mesmo o da despedida.
Para que possamos até lá, sem pressa nem mágoa, plantar as nossas flores num só jardim sem muros, onde voltaremos sempre que quisermos.
Aceitaremos a despedida com o que isso implica de partida sem regresso marcado.
É nesta despedida que se define a exacta medida da distância que nos irá separar. Não faremos promessas gastas de que não há despedida, de que só há um “Até já”. Não tentaremos iludir o sofrimento que nos causará a lembrança de um tempo distante, que é o de hoje.
A lápide diria: Até já. Voltaremos a encontrar-nos no brilho das estrelas. Até lá, guardo a tua fotografia numa linda caixa de tartaruga.