17 de fevereiro de 2009

Porquê tanta angústia?


Os dias foram e vieram. Com eles as noites, os sóis, os ventos, os murmúrios, os silêncios. Foi-se o tempo que entreteve a angústia até que regressasse.

Os dias vão e vêm e com eles as noites, os sorrisos, os gritos, as claridades, os gestos, os toques. Regressa a angústia que traz o passado e não deixa o presente passar depressa.

Os dias que ainda não vieram trarão no ventre a angústia do presente que foi logo passado porque a angústia o não deixou ser o que era.

Há cheiros que me trazem memórias que nunca vivi. O cheiro do cabedal, o cheiro do café acabado de fazer, o cheiro de um fósforo acabado de acender, o cheiro da lenha a arder...

Gosto dos novos sons que me obrigam a dançar sozinho.

Gosto do brilho com que os olhos devoram novas descobertas e do tremor com que os dedos exploram a medo.

Gosto da ânsia de construir e de magoar as mãos enquanto o faço: mostra-me onde estavam os limites da criação.

Relativizo sempre tudo na esperança que essa cautela me poupe ao sofrimento. Puro engano!